Uma vistoria do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers) apontou falta de médicos, medicamentos e equipamentos, entre outros problemas, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Zona Norte de Caxias do Sul. A visita ocorreu no dia 8 de março, entre 23h10min e 00h30min, e o resultado foi divulgado na noite de quarta-feira à imprensa em um documento de 49 páginas.
Um dos pontos da vistoria trata do “subdimensionamento crítico da equipe médica”, que significa que, para o Cremers, o número de médicos está aquém do esperado para uma unidade do porte da UPA Zona Norte.
– Pelo tamanho da sala de observação nós deveríamos ter três médicos e mais um profissional para atender a parte de parada cardíaca. E só tínhamos um. Ou seja, pela resolução do Conselho Federal de Medicina, estavam faltando três – explica o conselheiro coordenador da Fiscalização do Cremers, Geraldo Pereira Jotz.
Outro ponto relacionado à equipe médica destacado por Jotz é a falta de especialistas em pediatria durante os plantões:
– Outra questão é que havia três clínicos e dois pediatras. Os dois “ditos pediatras” não têm título de especialista. A instituição não pode anunciar que tem pediatra quando não tem. São médicos que se formaram e estão atendendo sem serem pediatras.
Em relação à medicação e aos equipamentos de urgência e emergência, o Cremers observou a falta de, por exemplo, estetoscópio infantil, drenos para tórax, serra de gesso, entre outros. Sobre os medicamentos, não foram localizados pelo menos 25 opções, como cefalexina e fenitoína.
A vistoria também apontou problemas quanto aos alvarás de Vigilância Sanitária e do Corpo de Bombeiros. O documento ainda reforça que a UPA está sob “indicativo de interdição ética”, ou seja, está passível de interdição.
– Interdição ética significa que nenhum médico pode trabalhar naquelas condições. Mas indicativo de interdição não é interdição. Se os problemas persistirem, nós podemos solicitá-la. É como se fosse um alerta laranja, estando quase no limite – explica Jotz.
O Instituto de Gestão e Humanização (IGH) esclareceu que tem conhecimento dos contrapontos apontados na vistoria do Cremers, e informou que todos os esclarecimentos que competem ao Instituto serão apresentados ao órgão. Destacou ainda que a Unidade de Pronto Atendimento possui o Alvará da Vigilância Sanitária e o Alvará de Prevenção e Proteção Contra Incêndios.
Prefeitura ainda não recebeu relatório
De acordo com o secretário da Saúde, Júlio César Freitas da Rosa, até a tarde de quinta-feira, a secretaria não havia recebido nenhum relatório da vistoria.
– Não tenho como me manifestar sem ter em mãos o relatório. Tomei conhecimento da vistoria e me causa estranheza ou é no mínimo má fé da parte de quem fez este relatório divulgá-lo primeiramente junto à Câmara e à imprensa e não entregá-lo à prefeitura – reclama.
O secretário aguarda a entrega do documento para então se manifestar sobre a vistoria que apontou irregularidades na UPA.
O Cremers enviou o relatório para a Secretaria da Saúde, MPF e outras instituições competentes.
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Outra ação
o MPF de Caxias instaurou inquérito civil para investigar a prestação de contas do órgão que gerencia a UPA à Secretaria Municipal de Saúde. O processo corre em sigilo de Justiça.
Fonte: Jornal Pioneiro