O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers) realizou, em parceria com a Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs), mais uma edição do curso de Atualização Científica. A capacitação aconteceu no último sábado (13), no auditório do Conselho, em formato híbrido (on-line e presencial).
A edição contou com 189 inscritos e abordou assuntos relacionados à acupuntura e à psiquiatria, em razão do dia do médico acupunturiatra, comemorado dia 11, e ao médico psiquiatra, comemorado dia 13, ambos em agosto.
O presidente do Cremers, Carlos Sparta, realizou a abertura do evento, destacando a importância das capacitações para a classe médica se manter atualizada.
Com o tema “A acupuntura sob o ponto de vista de um médico”, a médica acupunturiatra e presidente do Colégio Médico de Acupuntura, Denise Sarti, falou sobre a história da técnica, relacionando a medicina chinesa com a medicina ocidental e destacando as indicações e benefícios da terapia, como analgesia e sensação de bem-estar, por exemplo. “A acupuntura tem efeitos locais para dor, promovendo a cura local, com efeitos reguladores centrais e estímulos através dos pontos de inserção na pele e nos músculos”, enfatizou.
Já o membro da Câmara Técnica de Acupuntura do Cremers, Cláudio Couto, conduziu a palestra “Acupuntura neurofuncional: intervenções de neuromodulação bottom-up na prática clínica”, com ênfase nas formas de atuação da dor crônica, e como age o mecanismo da dor no organismo: “Quando se tem maior sensibilização do sistema nervoso central, se tem menor controle do sistema descendente da dor”, explicou. Segundo o médico, os mecanismos da dor possuem quadros complexos, como o caso da síndrome dolorosa miofascial. Couto ainda destacou que a acupuntura brasileira é considerada de alto nível, devido aos cursos e aos profissionais capacitados que o país dispõe.
A médica psiquiatra Marcia Surdo Pereira abriu o módulo de psiquiatria com o tema “Primeiros socorros emocionais e a prática do autocuidado”, alertando para a importância do autocuidado emocional entre os médicos, assim como a psicoterapia e a medicação de apoio, quando necessária. Segundo a médica, as situações de estresse vividas pelos médicos não podem ser ignoradas: “O autocuidado ajuda a evitar situações de burnout. É muito comum, em caso de fadiga emocional médica, o excesso no uso de substâncias, falta de cuidado no manuseio de materiais cortantes e dificuldade na tomada rápida de decisão, como no caso de uma cirurgia, por exemplo”, informou a médica.
Já a médica psiquiatra Luiza Heberle apresentou a palestra “Quando a morte se torna um desejo: suicídio dentro do hospital geral”. De acordo com a especialista, o Rio Grande do Sul é o Estado com maior número de suicídios no Brasil. Por isso, é importante estar atento a pacientes psiquiátricos internados em hospitais gerais, principalmente se tiverem histórico de tentativas de suicídio ou apresentarem algum indício durante a consulta de anamnese. “Este tipo de paciente deve estar sempre acompanhado. Preferencialmente, ser internado perto do centro de enfermagem para que possa ser monitorado, estando em quarto com janelas lacradas e em andar baixo. Também é preciso cuidar para que não tenha objetos cortantes por perto, e sempre consultar um psiquiatra para verificar qual a melhor forma de atendê-lo”, explicou.
Na apresentação “Opioides: quando o remédio vira veneno”, a médica psiquiatra Patrícia Saibro destacou o cuidado no uso contínuo de opioides, que pode causar quadro de dependência física especialmente após 90 dias, levando ao uso de doses maiores, como no caso de alívio de dores crônicas. Patrícia ainda falou sobre a importância da avaliação prévia destes pacientes: “Antes de indicar este tipo de medicação, é preciso realizar uma avaliação física e psíquica do paciente”, recomendou.
O curso foi finalizado pela médica psiquiatra Nelly Murillo Zegarra. Com o tema “Lobo em pele de cordeiro – a segurança dos psicofármacos nas comorbidades clínicas”, a médica alertou para os cuidados na prescrição de medicamentos e a interação medicamentosa, como em casos de depressão e ansiedade que, segundo a psiquiatra, possui um aumento na demanda de indicações. “O médico precisa fazer uma investigação profunda do paciente antes de recomendar o uso de antidepressivos”, afirmou.
Os cursos de atualização científica são oferecidos uma vez por mês, de forma gratuita, com a abordagem de temas atuais e relevantes para a classe médica.