

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers) recebeu, no final da tarde de terça-feira (23), o prefeito de São Gabriel, Lucas Menezes, e o secretário de Saúde do município, Ricardo Lannes Coirolo, para tratar sobre a situação das condições de trabalho de médicos da Santa Casa de Caridade de São Gabriel. O prefeito e o secretário estiveram no Cremers após reunião com o governo do Estado, na qual foi discutido acordo sobre negociação com os profissionais para evitar paralisação nos serviços. De acordo com a gestão municipal, o déficit orçamentário para a saúde está em torno de R$ 1,6 milhão.
Os termos do pré-acordo que será peticionado junto à Promotoria de Justiça de São Gabriel consideram a intervenção conjunta entre Estado e Município na Santa Casa para evitar a interrupção dos serviços.
Para o Conselho, que acompanha a garantia de condições para o exercício da boa Medicina e de assistência à saúde da população, o momento é desafiador para os gestores e também de muita atenção. “O desafio é gigantesco. Estamos aqui para ouvir vocês e para buscar soluções que colaborem para um desfecho que seja satisfatório para os profissionais e que também não prejudique a assistência à população”, disse o vice-presidente Eduardo Neubarth Trindade.
“Até 2020, vínhamos com as contas em dia, e, nos últimos cinco anos, com a última administração do hospital, foi a pá de cal. Juntou a falta de dinheiro com a má gestão e acabou indo ladeira abaixo, principalmente com a pouca credibilidade da gestão com o corpo clínico”, esclareceu Coirolo, que já representou o Cremers como delegado seccional em São Gabriel.
O prefeito afirmou que a maior preocupação é a possibilidade de suspensão dos serviços de saúde do hospital neste sábado (27). “Pedimos suporte do Estado em todas as frentes possíveis e da Promotoria para estabelecer um ponto de corte. A secretária (da Saúde) Arita Bergmann sugeriu que fosse feita mediação. O município vem empreendendo todos os esforços para poder garantir a continuidade dos serviços prestados pela Santa Casa e buscaremos em conjunto com o governo do Estado a solução necessária para poder reverter essa situação difícil que passa a instituição de saúde”, enfatizou.
Acompanhe a situação
Com atrasos nos pagamentos, os médicos da Santa Casa decidiram, em Assembleia Geral Extraordinária, que apresentariam cartas de demissão caso suas reivindicações não fossem atendidas. Além do pagamento imediato dos honorários atrasados, os profissionais solicitam a regularização dos pagamentos; os contratos formalizados garantindo segurança jurídica; a apresentação de um plano de gestão financeira com metas claras; e a confissão formal da dívida pela administração do hospital.
A Promotoria de Justiça Cível de São Gabriel ingressou no dia 19 de setembro com ação civil pública para garantir a continuidade dos serviços de saúde prestados diante da iminente paralisação marcada para esta sexta-feira (26).
A Santa Casa de São Gabriel é referência nos serviços de alta complexidade em Traumatologia e Oncologia para pelo menos 11 municípios da região. De acordo com o secretário de Saúde, “o município não tem condições de equacionar o déficit que a Santa Casa tem, então, temos que correr atrás. Essa insegurança é muito ruim, não estamos falando apenas dos médicos”, concluiu.
Texto: Letícia Bonato
Edição: Sílvia Lago