Para discutir os desafios e as soluções relacionados à obesidade, com um foco especial na cirurgia bariátrica e nos cuidados com o paciente bariátrico, o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers), Eduardo Neubarth Trindade, e o conselheiro e coordenador das Câmaras Técnicas da autarquia, Manoel Trindade, participaram do seminário ‘’A Pandemia da Obesidade’’. Realizado nesta sexta-feira (10), no Plenarinho da Assembleia Legislativa, o evento marcou a instalação da Frente Parlamentar de Prevenção e Combate à Obesidade Infanto-Juvenil e Adulta.
A discussão busca esclarecer e encontrar alternativas para o enfrentamento do tema, relevante para a saúde pública. Alerta, ainda, para a necessidade do Sistema Único de Saúde (SUS) ter capacidade de acompanhar o aumento significativo no número de cirurgias relacionadas à obesidade no Brasil, que registrou crescimento de 22,9% em 2022. Na contramão, houve uma queda de 54,8% no número de procedimentos realizados pelo SUS.
‘’De 2017 a 2022 foram realizadas 315.720 mil cirurgias bariátricas; dessas, 252.929 por planos de saúde, 16.000 de forma particular e apenas 46.791 pelo SUS. Em média, o paciente espera cinco anos pela cirurgia bariátrica pelo sistema público’’, apontou o presidente do Cremers. Citou que, pós-pandemia, o quadro ficou ainda mais crítico, com uma queda de 81,7% de cirurgias bariátricas realizadas pelo SUS.
Trindade destacou os impactos da obesidade para o sistema de saúde, pois é uma doença crônica e progressiva e está frequentemente associada a comorbidades como diabetes, hipertensão e dislipidemia. Dados do Ministério da Saúde mostram que a obesidade atinge 6,7 milhões de pessoas no país e desses, 863.086 com obesidade mórbida, um crescimento de 29,6% em apenas quatro anos. ‘’O Brasil é um dos países com a mais alta taxa de pessoas com obesidade no mundo. Com a pandemia, o quadro se agravou. A projeção é que, em 2035, a obesidade atinja 41% de adultos e uma em cada três crianças’’, afirmou.
Já Manoel Trindade ressaltou que a obesidade é a epidemia do novo milênio e reforçou que doenças cardiovasculares e diabetes são as principais causas de morte e complicações do excesso de peso. Explicou critérios que são considerados pré-requisitos para a realização da cirurgia bariátrica, abordando que a exclusão de indivíduos com obesidade grau I (IMC 30 – 34,9 kg/m2) foi estabelecido arbitrariamente há mais de duas décadas na era da cirurgia aberta, quando a morbidade e a mortalidade da cirurgia eram significativamente maiores do que hoje.
‘’Não há evidências atuais de eficácia clínica, custo-efetividade, ética ou equidade que justifiquem a exclusão desse grupo do tratamento cirúrgico que salva vidas. O acesso à cirurgia bariátrica e metabólica não deve ser negado apenas com base nesse limite ultrapassado’’, apontou.
O seminário também contou com as palestras dos médicos Sérgio Pioner, que falou sobre a doença da obesidade, e Gerson Junqueira Júnior, que abordou quando a cirurgia é necessária e citou as mudanças na vida do paciente bariátrico.