Para refletir sobre o papel do médico e orientar voluntários sobre como agir em situações de calamidade, o Cremers promoveu palestra com Mariana Serra na tarde de terça-feira (28) em formato híbrido.
Com ampla experiência na atuação em crises humanitárias, Mariana Serra é CEO da Vvolunteer, plataforma brasileira que orienta ações de voluntariado pelo mundo. Também é professora de pós-graduação em Direitos Humanos e Cidadania Global da PUCRS On-line.
O presidente do Cremers, Eduardo Neubarth Trindade, destacou a importância de levar informação qualificada aos voluntários para que estejam treinados e capacitados para uma contribuição efetiva neste momento de calamidade pública. ‘’O Cremers está atuando na linha de frente para mitigar os danos causados por esta tragédia que se abateu sobre o estado. Desenvolvemos uma ferramenta para a emissão de receitas digitais de medicamentos controlados, firmamos parcerias com demais Conselhos e entidades para uma atuação conjunta e nos tornamos ponto de referência de coleta e distribuição de medicamentos e itens essenciais aos atingidos pelas enchentes’’, salientou.
Ao fazer uma abordagem de sua atuação mundial, Serra destacou que 70% dos primeiros resgates são feitos por civis. Ressaltou a importância da padronização e da organização de quem atua na linha de frente para que as ações sejam executadas da melhor forma. ‘’É preciso entender o contexto da crise. O diálogo entre organizações é fundamental para colher melhores resultados e evitar prejuízos e danos. Por isso, reforço que nem toda ajuda é ajuda’’, afirmou.
Citou que o Rio Grande do Sul chegou à marca de 700 mil deslocados devido as enchentes que atingiram o estado, número superior a relevantes eventos climáticos mundiais como o furacão Katrina. Abordou a importância de cuidados especiais com a saúde mental das vítimas das enchentes e dos voluntários, devido aos altos índices de ansiedade e depressão gerados por este contexto de vulnerabilidade. Citou, ainda, os prejuízos na educação de crianças e adolescentes que foram diretamente impactados pela pandemia e agora novamente afetados, sendo que 358 mil alunos ficaram sem aulas no estado em função da calamidade.
Defendeu a necessidade de um programa permanente de prevenção e informação, e citou que a estimativa é que até 2050 mais de 1,2 bilhão de pessoas sejam deslocadas em decorrência de eventos climáticos. ’’Em paralelo à reconstrução do estado, é necessário o incentivo à pesquisa e à ciência; treinar lideranças; e compartilhar informação de qualidade com a população para que ela saiba como agir em situações extremas como a que estamos passando’’, frisou.
A palestra de Mariana Serra está disponível no Instagram do Cremers.
Texto e foto: Jennifer Morsch
Edição: Sílvia Lago