A neurologista gaúcha Sheila Martins é a primeira mulher, brasileira e latino-americana a liderar a Organização Mundial de AVC (World Stroke Organization), único órgão global voltado exclusivamente ao acidente vascular cerebral.
O WSO conta com cerca de 4 mil membros individuais e 90 Sociedades Científicas em todos os continentes, representando mais de 55 mil especialistas na doença no mundo.
O principal objetivo da médica gaúcha, que estará à frente da organização pelos próximos dois anos, é criar uma força-tarefa global, com a capacitação de profissionais e voluntários, para garantir o rápido atendimento e tratamento, o conhecimento dos fatores de risco e a prevenção do AVC.
“Queremos levar um tratamento igual e de qualidade para o mundo inteiro. Vamos tirar do papel as diretrizes nacionais e internacionais e implementar o que a gente sabe que faz a diferença na vida das pessoas” ressalta a médica.
Uma das prioridades será a certificação de centros de AVC em diferentes países. As instituições ganharão uma espécie de “selo de qualidade” – uma garantia de que toda a atenção ao paciente é baseada nas melhores práticas e evidências.
De acordo com a médica, a liderança na organização mundial demonstra o quanto o Rio Grande do Sul está preparado para lidar com a doença. “É o reconhecimento da medicina gaúcha, principalmente nessa área do AVC, que realmente é de ponta. Tudo aquilo que há de evidência no mundo, foi implementado no Rio Grande do Sul. Possuímos o maior número de centros de AVC no país, e outros estados têm nos visitado para seguir o nosso exemplo”, destaca.
A médica é chefe do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, professora da Faculdade de Medicina da UFRGS/Hospital de Clínicas de Porto Alegre e presidente da Rede Brasil AVC. Ela foi uma das responsáveis pela implantação dos Centros de AVC nos hospitais do Brasil e pela elaboração de um Programa Nacional para o enfrentamento da doença.
Acidente Vascular Cerebral – O AVC, condição caracterizada pela interrupção ou rompimento de vasos que levam sangue ao cérebro, é uma das principais causas de morte, incapacitação e internações em todo o mundo. A cada hora, 12 brasileiros faleceram vítimas de acidente vascular cerebral apenas em 2022. A doença, comumente associada a idosos e pessoas com fatores de risco, quase dobrou entre jovens adultos depois da COVID-19. Dados da Organização Mundial de AVC (World Stroke Organization – WSO) revelam que a prevalência entre pessoas com menos de 45 anos passou de 10%, antes da pandemia, para 18% em 2022. O socorro ágil é fundamental para diminuir ou evitar sequelas.