A respeito do caso do anestesista preso no Rio de Janeiro, acusado de abuso sexual, é preciso, primeiramente, destacar o trabalho realizado pelo Conselho Regional de Medicina daquele Estado (Cremerj), que agiu prontamente, realizando a suspensão provisória do registro profissional do médico. Com isso, ele fica impedido de exercer a medicina em todo o território nacional. Em paralelo, foi aberto um processo ético-profissional no qual o anestesista será julgado e poderá ter a cassação definitiva de seu registro médico.
As abomináveis imagens dos atos praticados por aquele profissional se espalharam por todo o país, provocando na população um sentimento de desconfiança da classe médica. Diante disso, é importante ressaltarmos algumas informações. Para alguém se tornar anestesista, além de cursar medicina por seis anos, é preciso fazer a residência médica em anestesiologia por um período de mais três anos. Portanto, são nove anos de uma árdua trajetória de estudos que, obviamente, não terminam com a obtenção do título de especialista. As atualizações em cursos e congressos são constantes. Durante a residência, aprende-se muito sobre diversos assuntos relacionados ao correto exercício da profissão, inclusive, sobre condutas éticas e segurança do paciente.
O Rio Grande do Sul conta com excelentes centros de formação, tendo a Sociedade Gaúcha de Anestesiologia mais de 70 anos de tradição, preparando os médicos especialistas para que tratem seus pacientes com profissionalismo, cautela e carinho. Por isso, não podemos deixar que um fato isolado como este, ocorrido no Rio de Janeiro, macule a imagem de toda uma categoria de profissionais que se preparou muito para exercer esta bela profissão.
Sabemos que, infelizmente, em todos os ramos profissionais, como direito, engenharia, política, também existem profissionais com comportamento reprovável, que não representam a maioria. E isso não deve afetar o conceito da categoria na sociedade. Portanto, pedimos para que a população não deixe de fazer seus exames e consultas médicas, não adie suas cirurgias por medo de que o que ocorreu na capital carioca possa se repetir. Fazemos parte de uma classe muito atuante, estudiosa, que se dedica à saúde e ao bem-estar do paciente em período integral. Confie no seu médico!
Carlos Sparta, médico anestesista e presidente do Cremers
Artigo publicado na edição de quinta-feira, 28, do jornal Correio do Povo