No inverno, o aumento de casos de doenças respiratórias é um dos fatores que contribui para a superlotação dos hospitais gaúchos. Nesse sentido, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul alerta para a importância da população redobrar os cuidados com a saúde, principalmente no que diz respeito ao trato respiratório.
Nesta época do ano, as baixas temperaturas favorecem a disseminação de vírus (como o da gripe e o da covid-19), o surgimento de alergias respiratórias e a piora de doenças respiratórias crônicas, contribuindo para a sobrecarga dos serviços de saúde.
Segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde, entre junho e agosto de cada ano, há um aumento considerável nos casos de doenças no sistema respiratório, que foram a principal causa de internação de crianças e adolescentes de zero a 14 anos no Rio Grande do Sul em 2022. A faixa etária representa 12,3% do total de casos registrados no último ano. Em comparação com o ano de 2019, antes da pandemia de covid-19, houve um aumento de 6% nas hospitalizações pediátricas por doenças respiratórias como pneumonia, asma, bronquite e bronquiolite agudas.
De acordo com a médica pneumologista e presidente da Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Rio Grande do Sul, Daniela Cavalet, existem alguns tipos de vírus, como o da influenza sazonal, que são mais predominantes neste período devido à mudança de hábitos. “No inverno, é mais frequente a busca por atividades em ambientes mais fechados, com menor circulação de ar, onde a transmissão de germes entre pessoas pode ser facilitada”, explica.
A especialista orienta que a população só procure atendimento em hospitais em casos mais graves. “É importante que a procura espontânea por atendimentos em urgência e emergência ocorra especialmente em situações de início mais súbito, com sintomas mais graves, ou ainda em casos em que ocorre piora após tratamento inicial. Em situações mais simples, com queixas de menor gravidade, as unidades de atenção primária ou o médico de confiança do paciente podem ser contatados para atendimento e avaliação iniciais”, orienta.
Outro fator que contribui para o aumento da circulação dos vírus é a baixa cobertura vacinal. Neste ano, conforme a Secretaria Estadual de Saúde, o Rio Grande do Sul já registrou 774 hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave causadas pelo vírus influenza, das quais 75 evoluíram para óbito. Historicamente, a cepa H1N1 causa mais prejuízos em comparação aos outros subtipos de influenza.
A vacina trivalente contra o vírus influenza, oferecida gratuitamente à população, continua sendo, segundo a pneumologista, a melhor alternativa para evitar formas graves da infecção. O imunizante estimula a produção de anticorpos para as três cepas principais: A (H1N1), A (H2N3) e B. Outro importante cuidado recomendado é a vacinação contra covid-19. Em maio deste ano, foram 12 mil novos casos registrados e 104 óbitos pela doença no estado.
A vacinação contra a gripe e covid-19 está disponível em todos os municípios, conforme estoque remanescente, para todas as pessoas acima dos seis meses de idade. Já a dose bivalente contra a covid-19 é recomendada para todas as pessoas acima de 18 anos.
Medidas para prevenir doenças no trato respiratório:
- Vacinação contra os germes causadores de infecções respiratórias (especialmente gripe, pneumonia, coqueluche e covid-19);
- Prática regular de exercícios físicos leves a moderados, especialmente em ambientes externos;
- Exposição cuidadosa ao sol ou uso de suplementação com vitamina D, se necessário;
- Manter ambientes arejados e livres de poeira;
- Ter uma rotina de sono adequada acompanhada de uma alimentação equilibrada;
- Evitar exposição corporal a mudanças bruscas de temperatura, mantendo as extremidades aquecidas;
- Otimizar o tratamento de doenças respiratórias de base, conforme indicação médica, quando for o caso;
- Manter o tratamento regular de alergias respiratórias, incluindo as rinites;
- Evitar ambientes com fumaça, incluindo fogões a lenha e lareiras, especialmente se tiver alguma doença respiratória basal. Evitar também exposição, incluindo a passiva, ao fumo;
- Evitar contato físico com outras pessoas que estejam com sintomas de infecções respiratórias.