Em audiência com o secretário Estadual de Segurança Pública, Sandro Caron, na manhã desta sexta-feira (22), o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers), Eduardo Neubarth Trindade, propôs parceria com a área de segurança do governo para melhorar as condições de trabalho dos médicos plantonistas em unidades de saúde e hospitais no estado.
Segundo levantamento realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), em 2023, quase 40 mil médicos, no país, foram vítimas de violência no seu ambiente de trabalho. No Rio Grande do Sul, foram 225 casos reportados, número considerado aquém da realidade, fato creditado à subnotificação.
“Os colegas, por vezes, deixam de fazer o registro oficial da ocorrência, devido à burocracia e ao tempo perdido para a realização do exame de corpo de delito, por exemplo, quando é caso de agressão”, explicou o presidente do Cremers, que esteve acompanhado da ouvidora Mirela Foresti Jimenez. As agressões incluem ameaça, injúria, calúnia, difamação, perturbação, constrangimento, desacato, furto, vias de fato e lesão corporal.
O secretário propôs o estabelecimento de política preventiva, com a criação de documento pela área de segurança pública, contendo passo a passo para os profissionais médicos saberem como agir nas diversas circunstâncias de violência enfrentadas nos locais de trabalho.
Caron alertou: “Está acontecendo agora? Liga 190!”, quando o caso é de maior perigo imediato. “Hoje, conseguimos reduzir nosso tempo de resposta de 44 para 12 minutos”, acrescentou. Ele ainda abriu a possibilidade de priorizar o exame de corpo de delito para o caso de violência contra profissionais da Medicina.
Perícias
Os representantes do Cremers também abordaram o número insuficiente de peritos no Departamento Médico Legal e colocaram o Conselho à disposição do Estado para o estabelecimento de parceria para treinamento de novos profissionais, aprovados em concurso, e mesmo para aprovados no concurso da Brigada Militar que vão lidar com o tema. “Podemos contribuir na orientação a esses novos peritos e policiais militares, qualificando a formação dos profissionais”, afirmou Trindade.
Apoio aos hospitais psiquiátricos judiciais
O secretário Caron manifestou apoio à posição do Cremers em criticar veementemente a recomendação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de extinguir os hospitais psiquiátricos judiciais. “É um total absurdo colocar pacientes comuns em convívio com criminosos perigosos, ainda que sejam diagnosticados com problemas mentais. Estaremos ao lado do Conselho na luta pela manutenção dos hospitais psiquiátricos judiciais”, garantiu o titular da Segurança Pública.
Texto: Antônio Bavaresco
Edição: Sílvia Lago