O Boletim Epidemiológico de Mortalidade Materna, Infantil e Fetal do Rio Grande do Sul, edição 2024, produzido pela Secretaria de Saúde do Estado (SES), foi apresentado na terça-feira (18), em reunião virtual do Comitê Estadual de Enfrentamento a esse grave problema de saúde pública.
Os conselheiros do Cremers que integram o Comitê, João Krauzer e Mirela Foresti Jimenez, participaram da reunião, e se colocaram à disposição para contribuir no sentido de aumentar o percentual de investigação dos óbitos infantis e maternos no estado, para reduzir mortes que seriam evitáveis.
“A diminuição da mortalidade materna e infantil é ainda um desafio para os serviços de saúde e para a sociedade. Vamos trabalhar em conjunto para melhorar os índices, sensibilizar a classe médica e esclarecer dúvidas em relação ao envio e ao fornecimento de dados”, disse Jimenez.
De acordo com informações parciais, em 2023, foram registrados 38 óbitos maternos no RS. Entre as causas obstétricas diretas, as principais foram hemorragias (19,6%) e hipertensão (17,4%). A covid-19 seguiu como a principal responsável pelas mortes indiretas, com 13%.
Os dados mostram que a maioria das mortes maternas no estado está relacionada a partos cesáreos. Entre as instituições hospitalares, a média é de 58,29% cesarianas, sendo que a maior taxa de mortalidade atinge 91,62% dos partos.
Na mais recente edição do Boletim Epidemiológico, foi traçado o perfil das instituições de saúde nas quais os óbitos ocorreram em 2022. Das 46 mortes maternas, somente quatro não ocorreram em hospitais, sendo que 27 ocorreram em estabelecimentos de gestão privada com leitos SUS, 14 em estabelecimentos de gestão pública e duas em instituições privadas.
“A mortalidade materna é um problema de saúde pública, com causas conhecidas e, em sua maioria, evitáveis. Mesmo avançando na redução das taxas de mortalidade materna, ainda existem desafios significativos a serem superados para garantir a prevenção e o tratamento adequado das complicações”, salienta a especialista da Saúde da Mulher da SES, Gabriela Dalenogare.
Entre as medidas essenciais para reduzir a mortalidade materna e garantir o bem-estar de mulheres e de seus bebês, ela destaca o acesso e a qualidade dos cuidados no pré-natal e o incentivo a partos seguros e a cuidados pós-parto.
Em relação aos óbitos infantis, o relatório aponta que a principal causa está associada a fatores relacionados ao período perinatal. No que se refere a óbitos por doenças infecciosas e parasitárias, observa-se aumento dos óbitos causados por sífilis congênita, com nove casos em 2022 e 11 em 2023. Já no grupo das doenças respiratórias, os casos de bronquiolite mantiveram-se em patamares elevados com 18 óbitos em 2022 e 17 mortes em 2023. Quanto à faixa etária, no ano de 2023, cerca de 70% do total são óbitos neonatais (0–27 dias de vida). Cerca de 60% do total de mortes ocorreu entre recém-nascidos com menos de 2,5 quilos ao nascer.
Instituído em 2021, o Comitê Estadual de Prevenção e Enfrentamento da Mortalidade Materna, Infantil e Fetal tem a finalidade de avaliar as circunstâncias da ocorrência de mortes e a qualidade da assistência à saúde prestada à mulher e à criança, subsidiando as políticas de saúde na elaboração de propostas e medidas de intervenção para redução da mortalidade.
Texto: Jennifer Morsch
Edição: Sílvia Lago