Preocupado com a desassistência de pacientes e com a sobrecarga das redes pública e privada causadas pelo fechamento do Centro Obstétrico e da Maternidade do Hospital Mãe de Deus (HMD), de Porto Alegre, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers) tomou a iniciativa de convidar entidades da Saúde para dialogar com o objetivo de buscar soluções para a retomada do serviço.
O primeiro encontro, ocorrido na tarde desta quinta-feira (1º), na sede do Conselho, reuniu o diretor-executivo da mantenedora do HMD, João Baptista Feijó; o secretário de Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter; a vice-presidente da Unimed Porto Alegre, Beatriz Vailati; representantes da Secretaria Estadual da Saúde (SES); dirigentes de sociedades de especialidades médicas; e conselheiros do Cremers.
Feijó relatou as perdas sofridas pelo Hospital Mãe de Deus devido às chuvas de maio, ressaltando que os prejuízos totalizaram R$ 150 milhões. “Com subsolo inundado pela enchente, o hospital precisou ser fechado, e reabriu setores de forma escalonada. Foi necessária a readequação de espaços, o que impossibilitou a volta do atendimento do Centro Obstétrico e da Maternidade”, afirmou. Segundo ele, a instituição busca financiamentos para a reabertura do serviço. Feijó ainda sinalizou que a retomada dos atendimentos poderá ocorrer no primeiro trimestre de 2025.
O médico do Departamento de Gestão Especializada da SES, João Marcelo Lopes Fonseca, e o secretário municipal Fernando Ritter manifestaram preocupação com a sobrecarga de leitos no Sistema Único de Saúde (SUS), que já está no limite da capacidade.
Foi sugerida a criação de uma frente de apoio formada pelas entidades presentes à reunião para dar celeridade à abertura do Centro Obstétrico e da Maternidade. Entre as ações sugeridas está o desenvolvimento de campanha de arrecadação para viabilizar recursos ao Hospital.
“Nossa maior preocupação é com a manutenção da assistência. Maternidades de importantes hospitais da capital, como o Ernesto Dornelles e o São Lucas, da PUC, foram fechados, além dos hospitais de Guaíba, Viamão e Alvorada, que está funcionando de forma precária. Mesmo pacientes com convênio terão que procurar maternidades do SUS, devido à falta de atendimento na rede suplementar, o que impactará o sistema de saúde”, disse Trindade.
O presidente do Cremers manifestou preocupação também em relação aos leitos de UTI Neonatal e aos impactos na saúde suplementar e na rede pública. A mesma preocupação foi levantada pelo secretário Ritter e pelos representantes da SES.
Sobre a demissão de funcionários, Feijó disse que os médicos poderão ser reintegrados à instituição quando o serviço for reaberto, se houver interesse.
“O Cremers seguirá acompanhando de perto o processo de reabertura do Centro Obstétrico e da Maternidade do Hospital Mãe de Deus e contribuirá no que for possível para reduzir o prazo previsto para a retomada do atendimento com o menor impacto possível para a população”, garantiu Trindade.
Texto: Jennifer Morsch
Edição: Sílvia Lago