*Reprodução de Aos Fatos.
Postagens enganam ao afirmar que a enfermeira Mônica Calazans — a primeira pessoa a receber uma vacina contra Covid-19 no Brasil — já havia tomado antes a CoronaVac, imunizante aprovado no domingo (17) para uso emergencial.
O Instituto Butantan, que desenvolve a vacina, informou que ela estava no grupo que recebeu o placebo nos testes. Além disso, o exame sorológico da enfermeira apontou ausência de anticorpos, o que seria improvável se já tivesse sido vacinada, segundo especialista ouvida por Aos Fatos.
O conteúdo enganoso (veja aqui) reunia ao menos 32 mil compartilhamentos no Facebook nesta segunda-feira (18) e foi marcado com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social.
É falso que a primeira vacinada com a CoronaVac no Brasil já havia tomado o imunizante durante os estudos clínicos. O Instituto Butantan disse que a enfermeira Mônica Calazans estava no grupo que recebeu o placebo e que o exame sorológico dela mostrou que havia ausência de anticorpos.
Em declaração ao Coren-SP (Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo), no dia 8 de janeiro deste ano, a enfermeira disse ter tomado duas doses, e que não havia tido qualquer tipo de reação. Porém, os estudos clínicos que a voluntária fez parte são do tipo duplo-cego e randomizado, ou seja, nem o paciente e nem o profissional que aplica sabem quem tomou placebo ou a vacina durante a pesquisa. Os voluntários também são alocados de maneira aleatória em ambos os grupos.
Apesar de testes estarem sujeitos a falhas, é bastante improvável que anticorpos de uma pessoa vacinada não fossem detectados em uma análise sorológica, de acordo com Laura de Freitas, farmacêutica, doutora em Biociências e Biotecnologia, e pesquisadora da USP (Universidade de São Paulo). “As vacinas colocam em nosso corpo uma quantidade padronizada de vírus e são otimizadas para despertar a melhor resposta imune possível. É bastante improvável que ela não tivesse nenhum anticorpo circulando, caso tivesse tomado a vacina”, disse ao Aos Fatos.
Mônica Calazans admitiu ter feito parte dos estudos clínicos da vacina CoronaVac durante a coletiva realizada pelo Governo do Estado de São Paulo após ter sido vacinada. “Falaram que eu era cobaia de uma pesquisa de vacina. Aprendi com uma pessoa, no dia da vacinação, que sou participante de pesquisa e estou muito orgulhosa de tudo isso, porque meu nome está no mundo inteiro”, disse a enfermeira.
Em nota enviada ao Aos Fatos, o Instituto Butantan disse que são falsas as mensagens que alegam uma suposta encenação. “A Mônica participou dos testes clínicos como voluntária, mas recebeu placebo e não vacina. Isso foi comprovado porque, antes de ser vacinada neste domingo (17), fez teste sorológico para Covid-19, que não detectou presença de anticorpos do vírus”, diz um trecho da nota.
Esta peça de desinformação também foi checada pela Lupa e pelo G1.
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