A quantidade de médicos no Rio Grande do Sul aumentou 51% de 2011 até este ano, segundo dados da Demografia Médica 2024, elaborada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). O levantamento aponta que o estado tinha 24.716 médicos há 13 anos e, agora, conta com 37.368 profissionais. Com isso, a densidade por mil habitantes também cresceu: passou de 2,31 para 3,42 médicos por cada grupo de mil pessoas.
No Rio Grande Sul, são 19.722 médicos e 17.646 médicas. A média de idade é de 47,70 anos, enquanto a média do tempo de formado chega a 21,61 anos. Na distribuição pelo território, verifica-se 15.791 médicos atuando em Porto Alegre, ou seja, 42% do total, e 21.577 no interior.
Apesar de ter menos médicos em atuação, Porto Alegre se destaca com uma média de densidade médica muito superior à registrada no interior. Na capital, são 11,82 médicos para cada mil habitantes. Já no interior, é 2,25 por mil habitantes. A maioria dos médicos tem Registro de Qualificação de Especialidade Médica (RQE): 24.318. Outros 13.050 não são especialistas (não têm RQE).
Para o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers), Eduardo Neubarth Trindade, o crescimento do número de médicos não impacta na qualidade da assistência à população. “Não adianta colocar mais médicos no mercado de trabalho se não houver formação médica de qualidade, estrutura adequada para atendimento das pessoas, políticas públicas para melhor distribuição dos profissionais e investimento pesado na atenção básica”, declara.
Brasil – A Demografia Médica 2024 do CFM, lançada na segunda-feira (8), revela que, nunca antes na história, o país contou com tantos médicos como atualmente. O levantamento mostra que o Brasil tem 575.930 médicos ativos. O número resulta em uma proporção de 2,81 médicos por mil habitantes, a maior já registrada.
Desde o início da década de 1990, a quantidade de médicos mais que quadriplicou, passando de 131.278 para a atual (registrada em janeiro de 2024). Esse crescimento, impulsionado por fatores como a expansão do ensino médico e a crescente demanda por serviços de saúde, representa aumento absoluto de 444.652 médicos, ou seja, 339%, em percentuais.
Comparando os crescimentos da população em geral e da população médica, percebe-se que o total de médicos aumentou oito vezes mais do que o da população em geral no período. Em termos absolutos, a população brasileira passou de 144 milhões em 1990 para 205 milhões em 2023, conforme dados do IBGE.
“Os dados indicam que o estado conta hoje com mais médicos. Mas a que custo? Observamos a criação indiscriminada de escolas médicas no país sem critérios técnicos mínimo, o que acabou afetando a qualidade da formação dos estudantes de medicina. O aumento do número de médicos não necessariamente é positiva e é preciso debater sobre isso com a administração pública e a sociedade”, afirma o presidente do CFM, José Hiran Gallo.
Texto: Sílvia Lago