O presidente do Cremers, Eduardo Neubarth Trindade, ministrou, na noite de sexta-feira (01), Aula Magna de abertura do período letivo dos Programas de Residência em Saúde com campo de prática no Hospital de Clínicas de Passo Fundo (HCPF).
Trindade iniciou ressaltando que uma das metas do Conselho é estar mais próximo dos médicos e das instituições de saúde, assim como dos acadêmicos e das faculdades de Medicina. “A pauta da gestão do Cremers está ancorada sobre os principais e atuais desafios da Medicina. Defender e garantir condições éticas para o exercício da atividade profissional e melhor atendimento em saúde para a população”, destacou.
Também afirmou que Passo Fundo não é apenas um polo de assistência à saúde, mas um centro de excelência na formação de recursos humanos para a área, destacando o Programa de Residência Médica do HCPF.
Entre os principais desafios para os médicos, citou a invasão de outras áreas da saúde, condições precárias de trabalho, qualidade na formação, uso de novas tecnologias, falta de autonomia e excesso de burocracia.
Em relação ao cenário no Rio Grande do Sul, relatou que o estado conta com 39 mil médicos registrados, tendo uma densidade de 3,09 profissionais por mil habitantes. Já no Brasil, no ano 2000, o total de médicos registrados era de 219.896. Em pouco mais de duas décadas, esse número mais do que dobrou. A estimativa é de que o país chegue em 2035 com mais de 1 milhão de médicos, reflexo direto da abertura de novos cursos e vagas. O maior crescimento foi registrado após 2020, efeito da Lei do Mais Médicos.
“Quando o programa Mais Médicos foi lançado, em 2013, o Brasil tinha 1,8 médicos para cada mil habitantes, sendo que, em 700 municípios, não havia profissionais. Desde então, houve aumento de 69% no número de escolas médicas, sem que o problema de distribuição de profissionais para as populações desassistidas fosse resolvido”, explicou.
“Os dados mostram que não faltam médicos. Falta estrutura adequada de atendimento e melhor distribuição de profissionais nos municípios distantes dos grandes centros. É preciso fixar os médicos no interior com possibilidade de implantar carreira de Estado”, complementou.
Trindade falou que uma das metas prioritárias do Cremers é o combate à abertura desenfreada de novas vagas e novos cursos. “Cerca de 80% das faculdades do Rio Grande do Sul têm alguma deficiência no ensino. A melhor formação médica pode resolver 80% dos problemas dos pacientes na Atenção Básica”, afirmou.
Além disso, ressaltou que o Cremers defende a revalidação do diploma para médicos formados no exterior, o melhor atendimento na Atenção Básica para garantir a sustentabilidade do sistema de saúde e o combate ao exercício ilegal da Medicina para dar segurança à população.
Texto: Jennifer Morsch
Edição: Sílvia Lago
Foto: Sílvia Lago